Quem nunca ouviu falar das lesões sofridas por atletas, especialmente relacionados ao futebol, nos ligamentos do joelho? Elas são comuns e provocam o afastamento dos profissionais das rotinas de treinos e também do trabalho até a total recuperação do problema.
“Os ligamentos cruzados são os principais estabilizadores da articulação e servem para dar firmeza e segurança nos movimentos do joelho. O principal deles é o ligamento cruzado anterior (LCA) que, no dia a dia e na prática de esportes, é o que mais faz falta quando lesado”, explica o ortopedista do Hospital São José, Dr. Marcelo Beirão (CRM 5920| RQE 1831).
De acordo com o médico, as causas mais comuns de lesão ou ruptura do LCA é a entorse na prática de esportes, especialmente o futebol, e a menos frequente é por traumas diretos ou indiretos. “O tratamento das lesões do LCA depende do grau de instabilidade, da idade e do tipo de atividade desejada pelo paciente, mas, em geral, nas lesões nos pacientes jovens, a opção principal é o tratamento cirúrgico que visa reconstruir o ligamento rompido devolvendo-lhe a estabilidade da articulação”, explica o médico.
Segundo Dr. Beirão, nos pacientes mais sedentários e após a quinta década de vida há que se considerar o tipo de atividade esportiva e objetivos esportivos para considerar ou não a hipótese cirúrgica. “Nestes casos, podemos considerar eventualmente o tratamento conservador com trabalho de condicionamento muscular orientado, com o objetivo de minimizar a instabilidade”, esclarece.
Recuperação pós-cirurgia
Nos casos de indicação de cirurgia, a recuperação se dá com fisioterapia pelo período de três meses e após esse período, é realizado o trabalho em academia até o nono mês. “Esta etapa tem o objetivo de restaurar as condições da musculatura dos membros inferiores que invariavelmente perdem condicionamento impossibilitando o pleno retorno à prática desportiva, sendo esta uma preocupação permanente no pós-operatório. É importante ressaltar que mesmo tratado cirurgicamente podem ocorrer re-rupturas com nova lesão do neoligamento e isto independe do resultado da cirurgia, podendo estar relacionado com a própria dificuldade na integração do enxerto com necrose do mesmo”, aponta o ortopedista.
De acordo com Dr. Beirão, caso tenha boa evolução sem lesões associadas na cartilagem da articulação, por exemplo, os pacientes podem retornar ao seu esporte predileto. “Vale ressaltar que sempre há necessidade de uma completa reabilitação e avaliação médica para o retorno ao esporte. A melhor forma de evitar lesões do LCA, porém, nem sempre possível, é a manutenção de uma boa condição muscular na prática de qualquer esporte, pois a musculatura bem trabalhada e condicionada é um importante fator de proteção articular” garante.
Atualmente, o tratamento das lesões do LCA, assim como das lesões meniscais que estão frequentemente associadas às lesões ligamentares, são sempre realizadas por videoartroscopia que minimiza as agressões articulares facilitando a reabilitação pós-operatória. “É importante ter em mente que a reabilitação pós-cirúrgica orientada por uma equipe de fisioterapia experiente facilita muito a recuperação, mas que depende fundamentalmente da dedicação e adesão dos pacientes ao programa”, complementa o profissional.