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Hepatites virais: maioria das pessoas não sabem que são afetadas

Um desafio de saúde pública mundial, as hepatites virais têm o “Julho Amarelo” como o mês dedicado ao combate e conscientização da doença silenciosa que atinge o fígado e pode trazer consequências irreversíveis. A escolha da cor que sinaliza a ação não é por acaso: um dos sintomas característicos do diagnóstico é deixar pele e olhos amarelados.

As hepatites virais são causadas por vírus classificados pelas letras do alfabeto A, B, C, D e E, sendo as três primeiras mais comuns no Brasil. “As hepatites virais principais são a A, B, C, D e E. As hepatites A e E são doenças transmitidas pela via fecal-oral, ou seja, o vírus é eliminado nas fezes do indivíduo contaminado e pode ser transmitido pelo contato pessoal ou por água ou alimentos contaminados. Já as hepatites B, C e D são transmitidas através do sangue ou material contaminado com sangue, via sexual e até mesmo de mãe para filhos”, explica o gastroenterologista Luiz Augusto Borba.

Os dados mais recentes da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina, a Dive, apontam que Entre 2011 e 2021 em Santa Catarina foram confirmados 27.527 casos de hepatites virais (B e C). Destes, 16.010 (58,2%) são referentes aos casos de hepatite B e 11.517 (41,8%) de hepatite C. Em Santa Catarina, entre 2011 e 2021 foram registrados 764 óbitos, sendo que 27,7% relacionados à hepatite B e 72,3% referente à hepatite C.

Tratamento

O silêncio com que se desenvolvem, e a ausência de sintomas, fazem com que muitas pessoas desconheçam que têm este vírus que afeta o fígado. Conforme o especialista a progressão da doença pode levar décadas, mas conduz a patologias mais graves como as cirroses hepáticas e o cancro do fígado, podendo causar a morte. “Elas podem gerar sintomas como fraqueza, enjoos, desconforto no abdome e febre e, nos casos mais graves, icterícia (olhos e pele amarelados), sonolência, confusão mental e mesmo coma. Nos casos crônicos, que são aqueles em que a infecção persiste no organismo, o paciente pode evoluir para complicações graves como cirrose, câncer de fígado e até a morte”, sublinha.

De acordo com Dr. Borba, o tratamento das hepatites B e C é feito com medicações, na grande maioria das vezes com comprimidos. No caso da hepatite C, o tratamento é por tempo limitado e com alta chance de cura. “Na hepatite B na maior parte dos casos é por tempo indeterminado, o paciente toma a medicação por toda a vida, mas com alta chance de se controlar o vírus e evitar que a lesão no fígado piore. Nos casos mais graves de hepatites virais, pode ser necessário transplante do fígado”, detalha.

Diagnóstico e prevenção

O diagnóstico geralmente é feito através de exame de sangue. A sorologia pode detectar e diferenciar as hepatites A, B, C, D ou E. Além dos exames laboratoriais, exames de imagem como a Ultrassonografia, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética colaboram de forma significativa para o diagnóstico preciso das diversas formas de hepatites. “O diagnóstico precoce permite que a hepatite seja tratada e curada antes de causar lesões irreversíveis no fígado e antes do surgimento de complicações como ascite (água na barriga), sangramento digestivo e câncer de fígado. Além disso, o diagnóstico e tratamento precoce ajudam a evitar a transmissão da doença para outras pessoas”, ressalta.

Além de exames e consultas regulares ao médico, a vacinação está entre os métodos preventivos dos tipos A e B. “Já a hepatite C, para a qual ainda não há vacina, a prevenção pode ser feita evitando-se compartilhar objetos que possam ter contato com sangue como material de manicure, lâminas de barbear, material cirúrgico, escova de dentes entre outros”, destaca.

Confira os tipos de hepatites virais:

– Hepatite A: apesar de ser mais leve e se curar sozinha, é responsável pelo maior número de casos entre todas as hepatites. É causada por má condição de saneamento básico e higiene. Existe vacina.

– Hepatite B: é o segundo tipo com maior incidência. É majoritariamente transmitida pela via sexual e por contato sanguíneo. A vacina e o uso de preservativo são as melhores armas para combater a doença.

– Hepatite C: transmitida principalmente pelo sangue, sendo a principal causa de transplantes de fígado. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado e ser letal. Não há vacina.

– Hepatite D: ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B. A vacinação contra a hepatite B também protege da hepatite D.

– Hepatite E: transmitida pela via digestiva (transmissão fecal-oral). Mulheres grávidas que forem infectadas podem apresentar formas mais graves da doença. Assim como a hepatite A, é causada por má condição de saneamento básico e higiene.