Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama feminino é o mais incidente no país e os números do Instituto Nacional do Câncer, o Inca, apontam no triênio 2023 a 2025, em Santa Catarina, o surgimento de 3.860 novos casos. Pesquisas feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam, ainda, que a incidência entre as brasileiras nos próximos 20 anos terá um aumento de 47%.
Tão necessário quanto o autoexame, a mamografia é uma das armas no combate à prevenção do câncer de mama. Realizada no tempo certo, pode impactar positivamente em 90% dos casos, quando se fala sobre a taxa de cura do câncer, evitando até mesmo a retirada da mama afetada. “O exame detecta precocemente os tumores não palpáveis, que, normalmente, são menores do que um centímetro, assim como assimetrias e microcalcificações. Por isso destacamos a importância do check-up periódico para as mulheres. Temos que repetir exaustivamente que o diagnóstico precoce salva vidas e isso só conseguimos com uma rotina periódica de acompanhamento”, explica a radiologista Dra. Flávia Althoff.
A mamografia é o principal meio de diagnosticar a doença em fases iniciais, mas o exame ainda é cercado de mitos. “Muitas acham que a própria radiação gerada (no exame) faz desenvolver um novo câncer, o que é um equívoco. Além disso, há o medo de uma possível dor (causada pelo exame), e isso é uma questão muito individual”, explica. Segundo a especialista, alguns pacientes reclamam do incômodo na compressão das mamas, mas a técnica é para radiografar a mama em toda a sua extensão e garantir a qualidade da imagem. “A intensidade do desconforto varia de acordo com a pessoa, mas é uma dor suportável que dura menos de dez segundos”, salienta.
Dra. Flávia Althoff esclarece os mitos e verdades:
A mamografia é o principal meio de diagnosticar a doença em fases iniciais
Verdade: O exame é o método mais eficaz para identificar lesões, nódulos, assimetrias e microcalcificações, que são pequenos depósitos de cálcio alojados no interior da mama e que podem representar o início da proliferação celular do câncer.
A mamografia deve ser feita anualmente, a partir dos 40 anos
Depende: O INCA indica que a mamografia deva ser feita a cada dois anos, a partir dos 50 anos, caso não seja encontrada nenhuma alteração. Já a Sociedade Brasileira de Mastologia defende que as mamografias comecem a partir dos 40 anos.
O câncer de mama é mais comum em mulheres a partir dos 50 anos. No entanto, pode atingir mulheres mais jovens. O rastreamento costuma ser iniciado a partir dos 40 anos, com a realização do exame de mamografia anual. Mas, para mulheres com histórico familiar, a mamografia pode ser realizada a partir dos 35 anos.
Mulheres sem histórico familiar da doença não precisam do exame de rotina
Mito: Ainda que o câncer de mama não tenha acometido ninguém da família, não significa que você estará imune à doença. Grande parte das mulheres que desenvolvem o câncer de mama não apresentam histórico familiar
A radiação da mamografia pode fazer mal à mulher
Mito: O exame pode ser realizado normalmente, já que a radiação emitida é muito baixa, sendo insuficiente para causar danos a outros órgãos.
Quem faz auto exame diário das mamas não precisa tanto da mamografia
Mito: O autoexame tem como objetivo identificar qualquer alteração na região das mamas. Se houver, será preciso realizar a mamografia para uma avaliação detalhada.
Entretanto, há nódulos que não são palpáveis, sendo descobertos apenas na mamografia.
As características da mama podem atrapalhar a mamografia
Verdade: Mamas gordurosas aparecem mais escuras no exame, sendo mais fáceis de identificar anormalidades. Já as mamas com muito tecido fibroglandular, cujo aspecto é mais branco e denso, criam uma dificuldade maior na detecção de um eventual câncer. Nestes casos, é preciso realizar também um ultrassom das mamas.
Prótese de silicone dificulta o exame
Depende: O silicone pode se sobrepor a lesões na mamografia, afetando os resultados. No entanto, há manobras durante o exame que permitem uma visualização quase que completa da mama, sem interferir no implante. Eventualmente, pode ser preciso aliar outros exames, como o ultrassom e até a ressonância magnética, que possibilitam uma melhor visualização.