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Coronavírus: cura, discriminação e cuidados com a mente

O último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Criciúma trouxe a informação de que pelo menos 20 pessoas positivadas para Covid-19, já são consideradas curadas e não transmitem mais a doença. A informação positiva, diante dos 62 casos confirmados no município, reacendeu a necessidade de se ter informações corretas sobre todo o ciclo da doença, para evitar discriminação com familiares e com os próprios contaminados. De acordo com a médica da Vigilância Epidemiológica de Criciúma, Bruna Bervian Candido, “ao final dos 14 dias do início dos sintomas, caso o paciente esteja há pelo menos 72h assintomático, ele pode ser considerado ‘recuperado’ e está apto a retomar sua rotina, observando todos os cuidados de higiene preconizados pelas autoridades em saúde”.

 Mesmo com a informação bastante difundida, há muitos relatos sobre pacientes que já finalizaram o período definido de isolamento obrigatório e ainda sofrem com discriminação por estarem retomando sua rotina. “Já ouvimos muitos relatos e ficamos bastante preocupados com esse tipo de atitude. É importante que todos sejam informados que a doença tem um tempo de duração e que os pacientes considerados ‘recuperados’ podem retomar suas atividades normalmente e, assim como todos nós, devem respeitar os cuidados de higiene e distanciamento orientados para evitar o contágio”, acrescentou a médica.

 

Opinião dos psicólogos
Para os psicólogos do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf), que estão trabalhando no enfrentamento à pandemia na Secretaria de Saúde, a população está vivenciando um momento atípico, com impacto em várias áreas, com mudanças abruptas de rotinas, adiamento de planos, medos, estresses, preocupações e incertezas. Eles acreditam que estas questões têm afetado muito a população e o preconceito acaba sobressaindo. “Os pacientes que têm ou tiveram COVID-19, bem como seus familiares, têm sido alvo de discriminação e hostilidade por falta de informações adequadas e também como forma que muitos encontraram de depositar em terceiros, a frustração e aversão à situação vivenciada”, destacou a psicóloga Priscila Sanae Hirose, que fez essa análise juntamente com os colegas da área de psicologia da Secretaria de Saúde.

“De um modo geral, lidar com o “novo” nem sempre é algo fácil, pois em alguma medida temos resistência em sair da nossa zona de conforto, daquilo que já nos é familiar. Entrar em contato com o “diferente” ou “desconhecido” pode nos levar a questões que nos geram desconforto, medo, repulsa, angústia, uma sensação de ameaça”, acrescenta a psicóloga, Jaqueline Marques Muller, lembrando que “é necessário ter cuidado com as fontes de informações e com as chamadas fakenews, que acabam contribuindo com a discriminação de pacientes positivados para Covid-19, com cobranças e julgamentos pelo senso comum”.

Ainda conforme o grupo de psicólogos, que contou também com Felipe Denoni, Cristiane Damielli e Cristine Guedrt, é necessário entender que o isolamento social é uma medida de cuidado e prevenção, que é temporário e não deve ser fator para gerar qualquer tipo de exclusão. “Nesse sentido, também é importante termos empatia, nos colocarmos no lugar do outro, pensarmos na forma como gostaríamos de ser tratados caso vivenciássemos semelhante situação”, enfatizou Priscila.

Cuidados com a saúde mental
Pensando nos cuidados e prevenção em saúde mental nessa fase, os psicólogos também alertam para o excesso de informações, que acaba aumentando o estresse e ansiedade. “É importante não ficar conectado o tempo todo. Respirar lenta e profundamente alivia a ansiedade e ajuda a desfocar das preocupações exageradas e lidar com nossos pensamentos e comportamentos de uma forma mais equilibrada”, explicou a psicóloga Priscila Hirose, que continua: “devemos cuidar da mente, dos pensamentos e emoções, compreendendo que nossa vida é feita de fases e encarando esse momento de pandemia, como uma fase de mudanças e adaptações. Conforme o ponto de vista que adotarmos, podem se tornar positivas”.