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Alunas de Enfermagem da Unesc levam cuidados em saúde

Sandro Lemos trabalha em estaleiros desde os 13 anos de idade. Natural de Laguna, aprendeu o ofício do trabalho manual relacionado à pesca com o pai, que por sua vez também recebeu o conhecimento passado por gerações. Ele foi um dos atendidos por estudantes de Enfermagem da Unesc nesta terça-feira (15/12), com serviços de saúde e orientações sobre cuidado pessoal, vacinas, com ênfase para a antitetânica, e coronavírus.

A proposição da atividade veio de uma observação realizada na Unidade Básica Central do município de Passo de Torres. A professora e orientadora das estudantes em estágio, Carine Cardoso, conta que a recorrência de cortes e lesões nos pés chamou sua atenção e das alunas Dalila de Oliveira Webber, Tatiana Lentz, Julia Lopes e Izabella Oliveira. “Na disciplina de Integralidade e Saúde Coletiva temos que entender o contexto onde estamos inseridos para pensar sobre a promoção de saúde. Começamos a perceber muitos pés cortados e curativos, e fomos a campo conhecer a causa. É muito importante este olhar”, explicou.

A realidade que encontraram esclareceu a recorrência na Unidade Básica. O local de trabalho dos pescadores conta com trapiches, caminhos de pedra na beira do rio e ferros. Além do ambiente, conforme Lemos, o trabalho da pesca e da construção de barcos também exige grande esforço físico. Uma embarcação de 20 metros pode levar até um ano e meio para ficar pronta. “É muito sacrificante. As tábuas chegam aqui verdes, pesando três vezes seu peso. Depois de descarregar o caminhão, tem que gradear uma a uma para a secagem”, explicou.

Quase que companheiros de trabalho e de convívio de quem atua nos estaleiros, os pescadores também têm uma rotina de estresses físico e mental. Independente se em terra ou no mar, a situação de saúde fica em risco. Os profissionais do barco, um mínimo de nove por embarcação, passam em média 20 dias fora, sem cuidados com a higiene e em um ambiente de exposição solar. “Imagina um dia de sol, e o pescador no convés puxando uma rede de quase 30 quilômetros. Começam pela manhã para terminar à tarde, às vezes à noite. Depois de colher, gelam e recomeçam tudo de novo. A pesca é uma das profissões mais judiadas, com poucos direitos”, retratou Lemos.

Diante deste cenário trazido pelo pescador, a equipe da Universidade percebeu a necessidade de realização de ações de cuidados e promoção da saúde. “Eles estavam pescando, a maioria sem máscara, e pensamos numa atividade que também contemplasse as questões de Covid. Conversamos com o Serviços de Enfermagem da Universidade, que disponibilizou um fôlder informativo e álcool em gel. As alunas também confeccionaram o protetor solar, para cuidados com a pele. Também fizemos um trabalho de esclarecimento sobre a vacina do Tétano e saúde bucal, está em parceria com a dentista da unidade de Passo de Torres que disponibilizou um kit com itens de higiene e informativos sobre a importância deste cuidado”, contou Carine.

Os atendimentos foram individuais, com a equipe da Unesc percorrendo toda a costa de Passo de Torres. Além de promover a saúde, as envolvidas também conheceram a realidade local, desde a cultura até os processos do trabalho.