Coordenador do Observatório de Desenvolvimento Socioeconômico e de Inovação da Unesc, o professor e economista Thiago Fabris projeta um ano positivo para a economia da Região Carbonífera em 2021, com uma recuperação ainda mais acentuada do que a registrada nos últimos meses deste ano. A partir de um cenário base, com a redução gradual do contágio por coronavírus e a distribuição efetiva da vacina, aliada à manutenção do teto de gastos pelo Governo Federal, ele aponta o fortalecimento da indústria e um ambiente favorável às exportações.
“A indústria de forma geral vai reagir, vai crescer mais do que em outros países. Setores como bens de capital, construção civil, indústria automobilística, de caminhões devem responder de forma positiva, o que é um bom indício para a Região Carbonífera”, explica.
De acordo com Fabris, esse crescimento se dará pelos investimentos no setor industrial, impulsionados pela diminuição nas taxas de juros. “Em parte também pela expansão econômica puxada pelo consumo das famílias. Mesmo sem o auxílio emergencial à população de baixa renda, isso deve ser compensado pela liquidez que existe na economia”, pontua.
Potencial do setor de tecnologia
O economista cita ainda o potencial de crescimento do setor de tecnologia, já aquecido por conta da mudança de comportamento, que acelerou o processo de digitalização das empresas. Ele também acredita em uma resposta positiva dos setores de hotelaria, turismo e de eventos, severamente atingidos pela pandemia.
“Mais uma vez, as empresas serão um dos motores do carro chefe do crescimento econômico. O governo não tem muita margem para ficar aumentando os gastos públicos, como foi feito acertadamente durante a pandemia, e agora isso precisará ser corrigido. Então, o investimento das empresas deve ser o motor para a retomada do crescimento, com os estímulos que foram dados de acordo com a política econômica”, ressalta Fabris.
Dólar em alta
Para o mercado externo, a projeção é de superávit em termos de transações correntes, com as exportações ainda favorecidas pela alta do dólar. “Em 2021, devemos continuar observando o aumento das exportações, muito por conta da taxa de câmbio. Na região, os principais produtos exportados são carne de frango e produtos cerâmicos, e a tendência é aumentar, pela competitividade nesse cenário”, afirma o economista.
Por outro lado, o volume de importações deve diminuir. “Os setores que mais vão sofrer são aqueles que dependem de insumos importados, pois o dólar em alta tende a encarecer a produção. Isso deve gerar uma substituição desses bens importados por produtos nacionais”, acredita Fabris.
Plano de Desenvolvimento Socioeconômico
Em 2021, devem estar concluídos os trabalhos do Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Amrec, desenvolvido pela Unesc em parceria com o Centro Universitário Barriga Verde (Unibave) e a Associação dos Municípios da Região Carbonífera. O principal objetivo do plano é orientar o crescimento dos municípios nos próximos anos.
“O plano é de suma importância, pois dará os direcionamentos. O que fizemos foi identificar os principais setores chave da economia da Região Carbonífera. De mais de 250 setores analisados, 20 foram elencados e respondem por 76% da movimentação econômica. Identificamos os setores estratégicos e agora estamos vendo as ações para cada um”, detalha Fabris.
“Calculamos os efeitos multiplicadores para direcionar as políticas públicas, olhando também a parte social, de educação, questões relacionadas à infraestrutura, logística. É um instrumento que norteia a região até 2030 e é essencial que os novos gestores conheçam”, considera.