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A luta diária de quem tem a síndrome de Gillain-Barré

O atendimento multidisciplinar realizado nas Clínicas Integradas da Unesc, alinhado a força de vontade, a coragem de enfrentar os desafios e o apoio de toda a família tem contribuído para escrever um novo capítulo na vida do morador de Criciúma, Valdecir Gonçalves. Aos 67 anos ele tem superado a cada dia as dificuldades impostas pela Síndrome de Guillain-Barré, uma doença até então desconhecida por muita gente. Mas ele deixou a aflição e a angústia de lado por esse desconhecido e encarou o desafio de lutar pela vida. Hoje, duas vezes por semana, ele deixa a sua casa no Bairro Quarta Linha e vem com a sua esposa Eronita Pereira Gonçalves para o seu tratamento com profissionais do Centro Especializado em Reabilitação (CER), da Universidade e que estão sendo fundamentais para a sua reabilitação, entre eles o Terapeuta Ocupacional.

“Eu cheguei aqui na Unesc com muito sofrimento. Não mexia as pernas e nem os braços. Imagina você estar com sede, dentro da sua casa, e não conseguir pegar um copo d’água? Não conseguir se alimentar, olhar para os outros e não conseguir falar. Sentia vontade de me jogar no chão e não tinha firmeza para nada”, relatou. “Graças a Deus estou me recuperando. Esses exercícios feitos aqui na Unesc me salvaram”, disse o paciente.

A doença é autoimune e afeta o sistema nervoso de forma aguda. Os sintomas são a perda de força que começa em membros inferiores, com característica ascendente, pelos pés, pernas até chegar às mãos e braços. Nos casos mais graves pode acometer a musculatura respiratória. A doença ocorre quando o próprio sistema de defesa do corpo ataca os nervos periféricos.

Todo empolgado, Valdecir contou que tinha uma banda, a Raios de Sol, e nas horas vagas cantava para os amigos e em festas. “Muitas vezes ficava só olhando para o violão. Não conseguia pegar e tinha muita vontade de tocar”, contou.

Ao perceberem que a música também era muito importante para a sua vida, os profissionais da Unesc pediram para ele trazer o violão. “A música traz muitos pontos positivos. Ela remete também à memória e ajuda no desenvolvimento. Com as sessões ele foi ganhando os movimentos das mãos e conseguimos introduzir o violão para a sua vida novamente. Ficamos muito felizes ao vê-lo tocando um instrumento que ele tanto gosta. A música trouxe também esse objetivo de melhora. Conseguimos aprimorar a coordenação motora, a memória afetiva, o planejamento motor. É uma reabilitação como um todo”, comentou a fonoaudióloga, Leyce da Rosa dos Reis.

Depois que ganhou movimento nas mãos, Valdecir não só ficou mais animado como também passou a alegrar as tardes de sessões na Unesc e essa história começou a ganhar um colorido especial no CER. Ele se preparou, com auxílio dos profissionais da Universidade, e se apresentou na confraternização de final de ano.

Muito emocionado, ele cantou e tocou ao lado do amigo que fez, Gelson Pereira Domingos, 50 anos. Ele também faz atendimentos nas Clínicas da Unesc, após sofrer três Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs). “Hoje estou muito feliz porque canto e toco”, disse Valdecir, todo sorridente. Uma de suas músicas preferidas é Meu Amigo Pedro, de Raul Seixas, que não pôde ficar de fora do repertório de apresentação.

Ao pegar o violão, tocar e cantar a sua música preferida, não só estimulam seu cérebro e movimentam seus membros superiores, mas o faz enxergar que a vida é feita de desafios e que o carinho, o amor, e a persistência são fundamentais para alcançar o que se pretende. E agora, o que ele mais quer é voltar a andar novamente. “Foram eles que me tiraram do sofrimento. Eu só tenho que agradecer. Estou sendo atendido por uma equipe maravilhosa. Quando cheguei achava que não iria melhorar mais porque já tinha ido a outros profissionais e depois que comecei a fazer os exercícios, conhecer outros, só fui melhorando”, rememorou Valdecir.