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Alta nos casos de dengue já afeta a doação de sangue em SC

A alta no número de casos de dengue em Santa Catarina levantou outro tema preocupante. Além da própria infecção pela doença – que já causou, o número de pessoas acometidas pelo vírus transmitido pelo Aedes aegypti também influenciou na queda de doadores de sangue no Hemosc. Entre as cidades que enfrentam situação delicada nos estoques sanguíneos, estão Chapecó e Blumenau.

A região Oeste, por exemplo, está entre as mais afetadas pela alta dos casos de transmissão de dengue. Somente em Chapecó, já são 2,4 mil casos positivos em 2022. As consequências da alta contaminação refletiram no banco de sangue do Hemocentro da cidade.

“Observamos queda nas doações mais recentemente no Hemocentro de Chapecó, principalmente pelo fato da região Oeste ser a mais impactada pela dengue. Esta queda se deve, principalmente, porque as pessoas que tiveram dengue não podem doar sangue por quatro semanas após a recuperação total dos sintomas”, explica a bioquímica responsável pela Divisão de Produção e Ciclo do Sangue do Hemosc, Muriel Mazziero.

No entanto, a contaminação efetiva não é o único motivo que impede a doação, conforme explica Mazziero: “pessoas que estiveram em áreas endêmicas também ficam impossibilitadas de doar sangue por 30 dias”.

Os fatores que impedem a doação de sangue impulsionam a queda de 10% sentida apenas na última semana, a segunda de abril, em Chapecó.

Quando comparados os primeiros meses de 2022 com o mesmo período de 2021, não há porcentagem significativa, uma vez que as contaminações por Covid-19 ainda eram foco do problema de abastecimento sanguíneo.

Mesmo assim, o procedimento de triagem no Hemosc segue o mesmo, buscando detectar quais doadores estão aptos ou não a realizar o procedimento.

“Durante a triagem clínica a qual o candidato a doação de sangue é submetido, são investigados possíveis sintomas que possa apresentar e também é questionado sobre as últimas viagens que ele realizou. Em caso de viagens para locais endêmicos (com alta incidência de casos na população), o candidato é inapto para doação por 30 dias”, diz Muriel.

Situação se repete em Blumenau

Outra cidade em apuros por conta da relação entre dengue e doação de sangue é Blumenau, no Vale do Itajaí. Assim como na região Oeste de Santa Catarina, há preocupação em tornar-se uma área epidêmica, que já assola os moradores do município. Caso seja decretado o novo ‘status’, toda a população poderá ser impedida de doar, conforme apurou o colunista Rodrigo Vieira.

Na sede do Hemosc na cidade, foi constatada queda na média diária de doadores. Na última semana, eram 90, influenciados, também, por uma campanha após um acidente de trânsito na BR-470. Nesta semana, o número de doações caiu para 55.

Entre 21 de março e 2 de abril, os números ficaram na casa dos 72 doadores na primeira semana, enquanto a segunda teve 65. O ideal, segundo o Hemosc, é pelo menos 75 doadores por dia.

De acordo com a coordenadora de captação de doadores, Cristiane Ebel, os contatos da equipe com os possíveis doadores identificam muitos relatos de pessoas com sintomas de dengue, sem contar os casos confirmados.

Em Blumenau, até agora, a Secretaria de Saúde registrou 1.617 notificações de contaminação. Destes, 351 testaram positivo e outros 1.220 casos aguardam o resultado do exame.